A ESCRITA DOS CÁLCULOS E AS
TÉCNICAS OPERATÓRIAS
A
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ssim como o contato com as primeiras
letras e a formação das primeiras sílabas e das primeiras palavras relacionadas
com objetos e situações do cotidiano, o contato com o universo matemático
acontece desde a mais tenra idade, através de gestos simples como a indicação
dos anos de vida, a contagem dos números através dos dedos das mãos, etc.
Talvez nunca tenhamos
nos dado conta da importância deste processo realizado pelas crianças e
certamente nunca o recomheceríamos como tal, não fosse o fato de sermos
estudantes de Pedagogia e estarmos
analisando sob uma outra ótica o processo de ensino e aprendizagem da
matemática.
Constance Kamii, contemporânea de Piaget, toma como
referência as teorias deste importante pensador, no sentido de facilitar o
entendimento e o trabalho do educador e de como este poderá fazer uso do
conhecimento citado em sala de aula.
Podemos iniciar
nossas considerações citando os três níveis abordados por Piaget em relação ao processo de alfabetização matemática: o
conhecimento físico – ligado ao mundo concreto e observável dos objetos
(explorar as atividades que trabalham com as propriedades físicas, tais como
peso e cor); o conhecimento lógico-matemático – desenvolve-se através das
relações mentais com o objeto (as noções de iguldade, comparação, quantidade,
classificação, são exemplos de conhecimento neste nível) e o conhecimento social
– no qual a visão de Piaget contrasta com a crença de que
existe um “mundo dos números” em direção ao qual toda criança deve ser
socializada.
Antes de
prosseguirmos, é importante compreender também que, para a abstração das
propriedades a partir dos objetos, usa-se o termo abstração empírica (ou
simples). Para a abstração do número, usa-se o termo abstração reflexiva. Na
abstração empírica, a criança conhece o objeto, focaliza uma de suas
propriedades, prioriza a informação retirada e ignora as demais. Já na
abstração reflexiva a criança cria e introduz relações entre os objetos. Piaget afirmou ainda que os números são
aprendidos pela abstração reflexiva, à medida que a criança constrói relações,
mas anteriormente a construção do conceito de numero, a criança necessita
desenvolver algumas estruturas mentais, sendo a primeira delas relativa à
ordem, que se refere à capacidade que a criança desenvolve em arranjar, ordenar
e contar objetos, e a segunda conhecida como inclusão hierárquica, que se dá
depois do desenvolvimento da relação de ordem.
Em seu
livro “A
criança e o número”, Constance Kamii menciona
seis princípios de ensino, sob três
títulos que servem para orientar o trabalho com matemática, e assim ser
a base da prática pedagógica com as crianças.
O primeiro título baseia-se em
encorajar a criança a estar alerta e colocar todos os tipos de objetos, eventos
e ações em todas as espécies de relações, uma vez que a criança que pensa
ativamente na sua vida diária, pensa também sobre muitas coisas
simultaneamente. O professor tem um papel crucial de indiretamente encorajar a
autonomia de pensamento, principalmente quando há uma situação de conflitos,
onde a criança pode desenvolver a mobilidade e coerência do pensamento.
Portanto, considera-se este o objetivo mais importante para os educadores.
O segundo título visa encorajar a
criança a pensar sobre o número e a quantificação dos objetos, uma vez que
entre os 4 e os 6 anos elas se interessam por contar e comparar quantidades, e
quando observamos isso ficamos convencidos que o pensamento numérico pode se
desenvolver naturalmente, ou seja, sem nenhum tipo de artificio.
E
finalmente, o terceiro título
diz respeito à interação social com os colegas e professores, onde será de
fundamental importância a troca de ideias, e onde o confronto de opiniões que
surgem e os esforços para resolver certas situações entre eles envolva a
autonomia, a autoconfiança e as habilidades matemáticas. Nos jogos, por
exemplo, principalmente em grupo as crianças estão mentalmente muito mais
ativas e criticas e conseguem aprender a depender só delas mesmas para saber se
o seu raciocínio está correto ou não.
Deve-se
entender que as estruturas lógico-matemáticas só estarão bem fundamentadas por
volta dos setes anos ou oito e a partir desta idade. Nesta fase também será
importante que o educador observe o desenvolvimento sociocultural da criança,
período em que poderá entender a tarefa de conservação do número como uma
estrutura numérica que acontece gradualmente através da criação e coordenação
de relações, constatando que não se
trata apenas de uma memorização dos algarimos, mas da construção destes.
É um
equívoco acreditar que se ensinando as crianças a contar e a escrever os
numerais nós estaremos ensinando a ela também os conceitos numéricos, pois na
verdade estaremos apenas fazendo com que ela decore estes números ao invés de
construir mentalmente a sua estrutura. A tarefa do professor será a de
encorajar a criança a pensar ativamente e de forma autônoma em todos os tipos
de situação, em todos os tipos de relação, utilizando os conceitos já trazidos
da sua vida para dentro do ambiente escolar e fazendo novas relações. E, acima
de tudo, é preciso que o professor tenha em mente que os conceitos de número
não podem ser ensinados, mas construídos pela própria criança por partes e não
de uma só vez, respeitando suas limitações e compreendendo que as crianças não
constroem um número isoladamente.
Em sala
de aula, o professor deve ainda induzir o aluno a pensar numericamente não com
respostas prontas, mas fazer com que este reflita e realize sua própria
construção. Para tal, ele precisará relacionar objetos, quantifica-los e
interagir socialmente.
Ao Professor, caberá a observação individualizada do comportamento de cada criança, devendo estar atento, não para corrigir a resposta, mas para descobrir como foi que a criança chegou ao erro, podendo desta forma entender como se deu o processo de raciocino do aluno e orientá-lo da maneira mais adequada para obter êxito em situações futuras.
Ao Professor, caberá a observação individualizada do comportamento de cada criança, devendo estar atento, não para corrigir a resposta, mas para descobrir como foi que a criança chegou ao erro, podendo desta forma entender como se deu o processo de raciocino do aluno e orientá-lo da maneira mais adequada para obter êxito em situações futuras.
Deverá
também propiciar às crianças um ambiente rico em opções que lhes permitam o
contato com os materiais concretos, bem como encoraja-las a colocar os objetos
em relação, incentivá-las a pensar sobre os números, socializar dúvidas na
interação com os colegas, encontrar soluções, desenvolvendo cada vez mais sua
autonomia e avançando com vistas ao aprendizado significativo. Métodos
tradicionais, como memorização ou sinais de aprovação ou desaprovação do
professor devem ser descartados ao máximo, pois só reforçam a dependência do
aluno, afastando-o das hipóteses onde possa evoluir na sua caminhada
educacional. Fazer com que as crianças assimilem os conceitos matemáticos de
forma lúdica, utilizando-se de jogos em grupo, por exemplo, e contextualizando
o aprendizado com sua vida diária poderão ser opções interessantes e
produtivas. Kamii diz que “o meio ambiente pode
indiretamente facilitar o desenvolvimento do raciocínio-lógico, ou pode
retardar este processo”.
Vale
lembrar que a utilização de jogos em sala de aula deve ter finalidade
pedagógica e estar voltada para funcionar como um facilitador no processo de
assimilação dos conceitos matemáticos que estejam sendo ensinados. Vez por
outra, o jogo também poderá ter finalidade meramente lúdica e de
entretenimento.
Através
das pesquisas realizadas e da elaboração deste texto, conforme os itens já
citados anteriormente, nós aprendemos que a orientação do nosso trabalho como
educadores na área do ensino da matemática, bem como das demais disciplinas,
estará baseada no universo de interesse da criança e que as demandas de
conteúdos que ela vier a apresentar deverão ser supridas de acordo com a nossa
pratica pedagógica, valendo-nos também da utilização dos mais diversos recursos
de ensino, das teorias cientificas mais contextualizadas com o momento
presente, e de todas as opções que propiciem interação com outros professores,
com profissionais de outras áreas do conhecimento, com os pais e, acima de tudo
com os próprios alunos.
Quem sabe
assim transformaremos a “Má-tematica em Boa-temática”?
Fonte:
KAMII, Constance. A criança e o número: Implicações educacionais da teoria de Piaget para
a atuação com escolares de 4 a 6 anos; Trad. Regina A. de Assis. 39ª Ed.
Campinas, SP: Papirus, 2012.
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